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Entrei na Adyen em 2013, como o sétimo contratado do escritório brasileiro. Já naqueles tempos era fácil perceber comoa vontade de questionar o convencional era um dos principais motores de inovação da empresa.Mas logo descobri também que colocar o óbvio em jogo é um desafio ainda maior em uma companhia global, já que o óbvio para ingleses, holandeses e americanos às vezes é diferente.
É só pensar que se para a gente comprar uma televisão em dez vezes não é nada demais, os holandeses simplesmente não conhecem o conceito de compra parcelada. E boleto então? Pode esquecer.Conhecer essas especificidades locais, que nós carinhosamente apelidamos de jabuticabas brasileiras, é o que faz com que empresas se tornem relevantes em nosso mercado.
Como Head de Desenvolvimento e Suporte, eu tinha consciência de que, para ter um serviço que tivesse aderência ao mercado, nós precisaríamos tropicalizar a nossa plataforma.
E, para isso, ter um time de desenvolvimento local era pré-requisito.
Por isso, já nas primeiras reuniões que tive com o time global, levantei a possibilidade de darmos à nossa plataforma única de pagamentos um tempero brasileiro para atender às necessidades locais. As três primeiras retornaram null; a segunda colocou uma pulga atrás da orelha da equipe, e as outras duas foram realmente ouvidas. Em sete meses, bati nessa tecla seis vezes, e por fim consegui convencê-los de que o mercado brasileiro precisava ser estudado.
Fomos o primeiro país a ter um time de desenvolvimento local, o que nos deu abertura para sermos pioneiros em testes de inovação para produtos.Com o tempo, Singapura e Estados Unidos seguiram os mesmos passos e também criaram seus próprios times de desenvolvimento.
Debugando o jeitinho brasileiro
Na Holanda, os principais meios de pagamento são o cartão de débito e a transferência bancária. Como explicar, então, que o parcelamento é essencial para qualquer negócio no Brasil?
Foram mais de 30 minutos dando detalhes de como e porque as pessoas optavam por parcelar compras - e os varejistas, por aceitar as compras parceladas. Os holandeses não conseguiam entender o motivo de alguém preferir pagar R$100 por mês por dez meses a quitar os R$ 1000 de uma vez só. Para eles, isso parecia como "adquirir algo sem ter dinheiro para comprar".Mas essas diferenças culturais são um desafio interessante, já que te fazem refletir sobre algo que você sempre viu como natural.
Por outro lado, mostrar para o mercado brasileiro a vantagem de uma plataforma robusta e transparente também foi uma batalha. Empresas que trabalham com a Adyen, por exemplo, conseguem acompanhar o passo a passo de todas as transações, entendendo inclusive o motivo exato de um eventual pagamento ter sido negado ou não capturado. Assim, o comerciante consegue identificar rapidamente pagamentos que não foram concluídos, sem precisar esperar pelo momento da liquidação, que acontece 30 dias depois, para obter essa informação. O resultado é mais segurança e confiabilidade para o negócio, sem surpresas e muito menos gambiarras.
Adaptar a nossa plataforma global às especificidades brasileiras foi uma grande jornada, cheia de desafios e conquistas revolucionárias para toda a empresa. Em uma das visitas à sede em Amsterdã, o líder do time financeiro brincou que podiam deixar de lado os jogos de lógica para exercitar o cérebro e promover o pensamento disruptivo, bastava participar dos projetos do Brasil.
Ter uma equipe local faz toda a diferença para entender as dificuldades dos clientes e do próprio sistema, e criar soluções que só quem já saboreou essas jabuticabas consegue imaginar.É na adversidade que conseguimos mostrar o quão eficiente podemos ser, e que sorte a nossa ter um time disruptivo de programadores para conquistarmos essas e muitas outras batalhas.
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