Guias e relatórios
NRF 2023: 7 pontos que transformarão o varejo brasileiro
Maior evento de varejo do mundo retoma a racionalidade na gestão do dia a dia, mas aponta tendências importantes para revolucionar o setor
Todo mês de janeiro, a NRF Big Show, em Nova York, é um grande ponto de encontro do varejo brasileiro e mundial.Por isso, o evento funciona como o principal checkpoint do setor – um momento importante para entender o que se consolidou no mercado nos últimos meses e quais tendências têm chance de “vingar”.
Não é nenhum exagero dizer que as principais tendências globais passam pela NRF antes de chegar ao Brasil. Por isso, entender o que foi discutido no Big Show 2023 é importante para vislumbrar como será o varejo brasileiro nos próximos anos. Estes foram os 7 pontos de destaque do evento:
1. A volta da racionalidade
O varejo vive um momento de grande racionalização. A inflação alta e os juros em elevação ao redor do mundo encareceram o custo de capital e diminuíram o apetite para investimentos mais arriscados. Assim, iniciativas como o Metaverso ficam em segundo plano e o foco volta a ser para a gestão da loja física, o cuidado com a cadeia de suprimentos e a fidelização dos clientes.
2. A loja física volta a ser prioridade
Depois de dois anos em que o varejo online foi o grande destaque, a loja física voltou a ser protagonista. Mas não aquela loja física pré-pandemia: o PDV precisa estar integrado ao digital, coletando dados sobre os clientes, analisando informações e apresentando campanhas e produtos que acompanhem a jornada de compras dos consumidores.
3. A distribuição se aproxima do cliente
Tecnologias como Inteligência Artificial, gestão preditiva e análise de dados criam um modelo de distribuição mais moderno para o varejo. O estoque das lojas físicas passa a atender as operações online – e todos os grandes varejistas americanos já têm modelos de ship from store bem definidos. É algo básico nos EUA, mas que ainda é um diferencial em vários setores do varejo brasileiro.
4. A experiência dos meios de pagamento
O varejo americano vive uma imensa crise de mão de obra. Durante a pandemia, milhões de pessoas buscaram aperfeiçoamento pessoal e migraram para outros setores – quando o varejo reabriu, faltavam colaboradores. Esse cenário aumentou a importância de desenvolver processos de venda e de pagamento rápidos e eficientes, para que lojas com poucos funcionários conseguissem continuar a funcionar.
Com isso, os meios de pagamento têm tido uma grande evolução. Pagamentos sem contato, carteiras digitais, buy now pay later (BNPL) e processos de automação do checkout vêm se tornando estratégicos. Os consumidores querem entrar e sair das lojas rapidamente – e isso faz com que os meios de pagamento sejam uma estratégia de fidelização dos clientes e de coleta de dados.
5. Mas e os dados?
A inevitável frase “data is the new oil” desapareceu da NRF Big Show. Simplesmente porque coletar e analisar dados passou a ser o básico do básico. Para o varejo, não existe espaço para uma gestão sem dados – e as empresas precisam desenvolver arquiteturas de TI para coletar, analisar e tomar decisões com base nas informações de clientes, vendas e produtos.
Mas não é só isso: a NRF Big Show mostrou que é cada vez mais importante integrar outras bases de dados, como informações de redes sociais, para estar conectado ao cliente e entendê-lo melhor. O varejista que terá sucesso no futuro será aquele que pensa a jornada de compras a partir dos clientes, e não de produtos ou serviços.
6. Engajamento constante com o cliente
Uma vez que estar próximo dos clientes é essencial, o varejo precisa utilizar todos os caminhos possíveis para manter o engajamento com o consumidor. As redes sociais baseadas em vídeo são cada vez mais relevantes, mas o desafio é fazer com que esse cliente engaje com o seu vídeo e vá para suas plataformas digitais – ou para sua loja física.
São diferentes jornadas, e para cada uma delas existe uma resposta diferente. Consumidores que usam o TikTok e querem comprar rapidamente algo que aparece em seu feed têm uma relação com a marca muito diferente daquela dos clientes que recebem uma notificação no aplicativo, compram online, retiram na loja física e aproveitam a visita para comprar algo mais.
Não existe caminho único, mas em qualquer caso é preciso conhecer muito bem o cliente para atrair, reter e engajá-lo.
7. Web3: o futuro do omnichannel?
Uma provocação importante é o papel da Web3 no futuro do varejo. Arquiteturas descentralizadas de código aberto, informação controlada pelo usuário e tokens digitais abrem possibilidades para a construção de um novo tipo de experiência omnichannel. Se o omnichannel de hoje, que o Brasil está começando a oferecer, é uma mistura da Web tradicional (2.0) com a loja física, o omnichannel do futuro será a confluência de pontos de venda digitalizados com a Web3.
Para que isso aconteça, porém, as empresas de tecnologia irão desenvolver soluções de “Web3 as a Service” – da mesma forma como hoje existem plataformas de e-commerce que são facilmente configuráveis pelos clientes. O desafio será usar blockchain, NFTs e experiências imersivas com criatividade para conquistar clientes.
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Esta edição da NRF Big Show, a primeira desde 2020 sem os impedimentos da pandemia, mostrou que o varejo americano (e mundial) se reinventou nos últimos anos e renasceu muito mais forte, digitalizado e integrado. Os exemplos apresentados pelos mais de 800 expositores e em 175 palestras mostraram que existem inúmeras possibilidades de reinvenção para as empresas do setor. E todas elas com um ponto em comum: o consumidor final.
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