Cultura

Em debate sediado pela Adyen, profissionais discutem diversidade e racismo no mundo corporativo

No Mês da Consciência Negra, convidados debatem sobre como as empresas podem promover mais diversidade e combater o racismo

23 novembro, 2022
 ·  4 minutos
Em debate sediado pela Adyen, profissionais discutem diversidade e racismo no mundo corporativo

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Novembro é oMês da Consciência Negra, e a Adyen promoveu uma série de eventos sobre diversidade e combate ao racismo. Um deles foi um debate sobre o mercado de trabalho e quais ações e estratégias as empresas devem adotar para promover mais diversidade e combater o racismo no ambiente corporativo.

A conversa foi mediada por Mayara Lima, Risk Officer da Adyen, e contou com a participação do podcaster e palestrante Mateus Fernandes e de Talita Matos, cofundadora daSinguê, plataforma de desenvolvimento de programas de diversidade, inclusão e equidade.

A maioria da população brasileira é negra - são 56%, segundo a pesquisa do IBGE de 2018. Em 2022, ainda de acordo com o IBGE,o número de brasileiros que se autodeclaram pretos ou pardos teve um salto de 43% em dez anos. Ainda assim, os ambientes corporativos continuam sendo majoritariamente brancos. Quais ações, então, as empresas devem adotar para aumentar a diversidade e combater o racismo?

No debate, Mateus e Talita compartilharam suas experiências e vivências e falaram sobre dificuldades para profissionais negros, inclusão social e tecnológica e mais. Confira, abaixo, os principais temas abordados na conversa.

Expectativas diversas

No Brasil, há umabismo entre as realidades branca e negra. Talita, filha de ex-jogador de futebol, lembra que havia certa cobrança quando era criança. “Eu chegava em casa com nota 8,5, e meu pai perguntava por que eu não tinha tirado um 10. Isso é muito comum entre pessoas negras, essa baixa tolerância ao erro”.

Mayara também se recorda de situações parecidas na infância. “Minha mãe sempre me cobrava para ser a melhor por ser negra. Sou a primeira da minha família a fazer faculdade”, diz.

Para Mateus, uma criança negra tem ideias diferentes sobre carreira eexpectativas para o futuro. “Meu primeiro emprego foi com reciclagem. E eu me lembro que, para mim, não havia muita perspectiva de carreira”, afirma. “Hoje, crio conteúdo dentro do LinkedIn e crio projetos na periferia”.

Inclusão pela tecnologia

A existência da desigualdade social e racial chega a ser controversa quando pensamos que vivemos, hoje, em uma sociedade que avança a passos largos na tecnologia - e que, inclusive, já está projetando inovações como o metaverso e a web 3.0.Mas essas tecnologias serão para todos?

“Quando busquei saber o que era metaverso, me deparei com um evento que tinha ingressos muito caros”, relata Mateus. “Fiquei com essa reflexão: estamos falando de futuro para quem? Penso na tecnologia sob o ponto de vista periférico, porque muitas pessoas não têm acesso. O metaverso está chegando, mas muita gente ainda nem sabe usar o celular. Por isso, as empresas precisam pensar: inovação para quem?”.

Mateus defende que as companhias precisam abraçar as inovações tecnológicas mas pensar também na acessibilidade a elas.

Ele destaca que, após a pandemia da Covid-19, houve uma maior reflexão sobre desigualdade. O isolamento social exigiu aulas online e trabalho remoto - no entanto, segundo o IBGE,mais de 15% da população com dez anos ou mais não tem acesso à internet.

“Atualmente, todo mundo fala das pautas de ESG, mas o S desta sigla geralmente não vem junto: esquecemos que o social é uma parte muito importante”, afirma.

Antes de estar nas empresas, a diversidade está nas pessoas

Apenas contratar mais profissionais negros, vindos de uma realidade diferente, não é suficiente - a empresa tem que, de fato, estar pronta para recebê-los. “A lógica do mercado é branca”, afirma Talita. “Então, precisamosencontrar maneiras de flexibilizar a corporação para que profissionais negros caibam nela. Queremos fissuras, rompimentos de cultura nessas empresas”.

Para Mateus, as companhias devem considerar todos os aspectos ao contratar uma pessoa negra ou da periferia. “Eu, por exemplo, já trabalhei em lugares que me deram vale refeição. Mas eu o vendia para ajudar em casa. Para mim, seria muito melhor um vale alimentação, que eu pudesse usar no supermercado e levar comida para a minha família. Então, a empresa precisa pensar em como acolher esses profissionais - esseacolhimento é o primeiro passo”.

Talita também destaca que líderes e gestores devem estar sempre abertos para ouvir e ter a curiosidade de conhecer outras realidades. “Programas de mentoria e de desenvolvimento de carreira são muito importantes. As curvas de salário e progressão são desiguais. As empresas estão entendendo que é preciso investir de forma estruturada em carreiras para termos mais pessoas negras nas lideranças”.

Ambiente aberto e inclusivo

Além de ações, as empresas precisam promover um ambiente que dê as boas-vindas à troca de experiências e aos feedbacks.

Para Talita e Mateus, as companhias devem estar preparadas para combater o racismo no dia a dia - para isso, precisam abrir espaço para que funcionários possam denunciar assédios, desde microagressões até racismo, e se sentir acolhidos.

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